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O catequista anuncia Deus às crianças e Isaac Newton o demonstra aos sábios.

Voltaire (1694-1778)

Destinos - José Fernando de Castro Figueiredo



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José Fernando de Castro Figueiredo nasceu em 3 de janeiro de 1949, na antiga Vila de Mato Grosso de Batatais. Filho de José Garcia de Figueiredo Neto e Clarice de Paula Castro, todos naturais de Altinópolis. Era o segundo filho de uma irmandade de quatro. O mais velho, Marco Antônio, José Fernando o segundo, a Maria Helena e a caçula, Maria Lúcia, todos nascidos em intervalos de pouco tempo.
O patriarca José Lourenço de Castro e a esposa Salomé de Paula Castro haviam provado das perdas familiares desde 1940, quando Isabel de Paula Castro, a filha mais velha, ficaria viúva recém casada, com o filho Luiz Carlos de dois meses ao colo. Os então avós Juca e Salomé assumiriam com naturalidade o amparo ao neto.
Doze anos após, em março de 1952, João Doracy de Paula Castro, o terceiro filho do casal Juca e Salomé, também ficaria viúvo com três filhas pequenas a cuidar, As Marias Regina, Lundinha e Fátima.
Três meses após, em julho de 1952, morreria o médico José de Paula Castro, o segundo filho de Juca e Salomé, aos 36 anos. Maria Salete, única filha, órfã aos 3 meses.
Oito anos mais tarde, em 1960, a quarta filha de Juca e Salomé, Clarice de Paula Castro, a mãe do José Fernando, morre vitimada pela doença de Chagas, subitamente, na quadra dos 39 anos, no tempo em que os velórios eram na sala da casa.
Os enterros cumpriam o ritual católico de rezas longas e da Missa de corpo presente. O féretro, em mãos anônimas, seguia a passos lentos ao som dos dobres do sino da matriz. Flores murchas na poeira da cal do último amém.
As lágrimas marejariam por anos a fio, impondo de chofre aos quatro filhos pequenos o fardo de caminharem vida afora sem um braço. Juca e Salomé agora teriam mais quatro netos órfãos sob amparo e vigília, todos morando no minúsculo povoado. José Fernando de Castro Figueiredo moraria com o avô paterno, José Villela de Figueiredo, por algum tempo, mas sempre perto dos avós maternos Juca e Salomé.


O casarão da família, inaugurado em 1946, um vistoso prédio de esquina com quintal de quadra inteira, seria a referência dos 24 netos que fariam das férias escolares um convívio marcante que perduraria por décadas.
Outro local de convívio em férias memoráveis era na fazenda Bela Vista, no tempo da estrada de terra, do aconchego familiar onde não havia televisão, a peste do desconvívio.
Jogávamos futebol e brincávamos de pique, muitas traquinagens, e o José Fernando era o craque na bola e na escola. Tinha adoração pelo pai, e o pai o adorava. Iam muito pro sítio da família, na Cobiça, onde pescavam e caçavam, aventuras da época. Terminado o ginásio em Altinópolis, faria o colegial em Batatais, viajando de ônibus diariamente com muitos colegas.

Sua entrada na faculdade de medicina da USP de Ribeirão Preto deu-se naturalmente, em 1969, aos dezenove anos de idade.
Em 3 de janeiro de 1974, no dia do aniversário de José Fernando, morreria o patriarca José Lourenço de Castro (1886 - 1974), aos 88 anos.
Na formatura na faculdade de medicina de Ribeirão Preto – USP, ao final de 1974, José Fernando já tinha a Lenita Agnezini Pandini como namorada; no ano seguinte se casariam ainda no período de residência médica. A tese de mestrado do José Fernando seria sobre a doença de Chagas, a causa da morte da sua mãe.
Em 30 de dezembro de 1977, a neta mais velha do Juca e Salomé, Regina Raffaini de Castro, prima irmã de José Fernando, morreria antes de completar 32 anos, grávida do segundo filho.
Em Ribeirão Preto, as duas primeiras filhas do José Fernando e Lenita, as gêmeas Elisa e Thais Pandini de Figueiredo nasceriam numa casinha de quarto e cozinha, na rua Altino Arantes. Posteriormente, uma outra casa na Vila Seixas teria um quarto a mais para as duas crianças, que logo ganhariam mais uma irmã, a caçula Ana, que nasceria em 1979. Ela começaria a andar na nova casa da rua Campos Salles, num sobradão da família do Sr. Joaquim Ferreira que seria a morada da família por sete anos. Foi um tempo em que convivíamos muito devido à proximidade da casa do José Fernando com a dos meus pais. Tempos adoráveis de muitas visitas, prosa, leituras e muita festa.
Em 1986 morreria Manoel de Paula Andrade, o Tio Néia, sobrinho direto de Juca e Salomé e marido da primeira filha do casal, Isabel de Paula Castro.
Por esse tempo, José Fernando e a família iriam para o Jardim Recreio, um residencial defronte a faculdade de medicina. Lá seria o espaço definitivo da família do quase professor titular José Fernando de Castro Figueiredo, um homem guiado pelo esforço, paciência, dedicação e responsabilidade, de abraço fraterno e extremamente educado, discreto, calmo e comedido, que dizia muito falando pouco, caracteres do pai e do avô materno, a quem se assemelhava em muitos gestos.
Em 1991 a matriarca e segunda mãe de todos. a Salomé de Paula Castro morreria aos 94 anos de idade. Quando ela perdeu o seu segundo filho, José de Paula Castro, o médico Tio Quito, ela guardou a placa do seu consultório e uma fotografia que ficavam estampadas em cima de uma cômoda em seu quarto, por toda a sua vida. Quando o neto José Fernando formou-se em medicina, ela colocou a foto de formatura do José Fernando estampada ao lado da foto do filho Quito, talvez para substituir a da sua filha Clarice, mãe do José Fernando, também falecida precocemente.
O êxito na carreira profissional do José Fernando viria naturalmente, uma vez que sempre fora guiado pela vocação e não pela conveniência, diferencial público e notório dos vencedores por si só, sem reclames e sem rodas.
Em 1998, morreria Flávio de Figueiredo Alves, casado com a filha mais nova de Juca e Salomé. O Tio Flávio que o José Fernando tanto gostava, que fora seu paciente até os últimos dias de vida.
Em 2003, morreria a primeira filha do casal Juca e Salomé, Isabel de Paula Castro, a tia Filinha, aos 88 anos de idade.
Em 2004 José Fernando seria avô da netinha Helena, que encantaria ainda mais a sua vida. Em 2005, nos 75 anos da sua tia Cidinha, José Fernando comparece com a família e revê os amigos.
Dois anos após, em 25 de janeiro de 2007, José de Paula Castro Andrade, o Lobão, filho da tia Filhinha e neto do Juca e Salomé, também faleceria precocemente, aos 53 anos, vitimado por um enfarto.
Em 2008, o terceiro filho do casal Juca e Salomé, João Doracy de Paula Castro, morreria aos 90 anos de idade.


Ainda em março de 2009, ao fazer uma visita ao primo Luiz Carlos Castro Palma, no HC de Ribeirão Preto, que sofrera uma parada respiratória após uma cirurgia absolutamente desnecessária, deparei-me com o José Fernando no corredor. Nos abraçamos e conversamos em metáforas por alguns metros, ao que ele disse: ninguém sabe o dia de amanhã. Oito meses depois, aos dois de Dezembro de 2009, José Fernando morreria no mesmo hospital, vitimado por um câncer nunca dantes diagnosticado, um dia após o nascimento do segundo neto, o Francisco.
José Garcia de Figueiredo Neto, pai de José Fernando, o tio José Villela, enterraria o filho querido aos 91 anos de idade, no jazigo da família Villela de Figueiredo, em Altinópolis, vizinho ao da sua primeira mulher Clarice, mãe do José Fernando.
Sob a chuva, o sol e o firmamento, repousam memórias e lembranças de vidas gloriosas.

José Márcio Castro Alves, Dezembro de 2009.

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5 comentários:

  1. Jose Marcio Castro Alves disse...

    Sobre a fatalidade de se perder uma pessoa querida, precocemente, sem comentários.
    8 de dezembro de 2009 10:00
    Anônimo disse...

    A vida não passa de uma oportunidade de encontro;só depois da morte se da a junção;os corpos apenas tem o abraço,as almas tem o enlace.(Victor Hugo).Beijo do seu filho Chico.
    8 de dezembro de 2009 19:15
    Marcos Cabete disse...

    Tive a honra e o prazer de conviver com o Zé como carinhosamento o chamávamos.
    Um grande exemplo de vida, de lealdade e de respeito pelo ser humano a ser seguido.
    Creio que como professor conseguiu deixar um pouco de sí em seus alunos assim como deixou em todos nós.
    Nestas horas chego a desejar que realmente exista algo além, a recompensa para uma vida reta e digna como deve ser.
    Até logo mais Zé! Dia destes nos encontramos por aí. Mantenha a cerveja gelada pois não tenho pressa de te acompanhar...
    Marcos Cabete
    9 de dezembro de 2009 11:02
    Paula disse...

    Lembraremos eternamente desse primo tão querido.
    Para nós que aqui ficamos ele será sempre uma referência de equilíbrio e sensatez. Que sua história e os momentos que passamos juntos possam nos confortar.
    12 de dezembro de 2009 16:42
    paula.castroalves disse...

    Ele estará sempre em nós.
    14 de dezembro de 2009 16:49
    Anônimo disse...

    Saudades infinitas....

    Porque não fazes barulho?, perguntou alguém. "Meus frutos são minha melhor propaganda", respondeu a árvore.

    "Não viva para que sua presença seja notada, mas para que sua falta seja sentida". Bob marley
    24 de fevereiro de 2010 10:13
    Paula disse...

    Quanta saudade sinto de você, meu querido. Como foi breve o seu tempo terreno! Saudades sem fim...
    2 de maio de 2010 16:30
    Anônimo disse...

    Querido professor e mestre o Sr cumpriu sua missão com dedicação e simplicidade e com certeza deixa muitas saudades... Deus o abençõe sempre ....Assinado:um de seus inumeros alunos
    13 de maio de 2010 20:33

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  2. Tentando matar saudades dos que já não estão mais aqui e procurando encontrar os que estão distantes, mas tão próximos nas nossas lembraçass e no nosso coração encontrei seu blog, foi uma delícia conhecer seu trabalho, parabéns, um grande beijo! com saudades. Ivany

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  3. senti muito a falta do Lobão sou uma prima distante, e ele era a única pessoa que tinha contato e através dele sabia de todos
    Muito bom seu blog.l
    abraços a todos

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  4. Zé, entrei para ver a data de morte da vovó Salomé e ao reler este texto sinti muita saudade dos tempos em que éramos ainda crianças, da casa da vovó! Que saudades do Zé Fernando!!! Que ele esteja em paz...

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